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LIBERDADE EM PI(Y)NDORAMA PARTE 3

“Eu ficarei bem satisfeito se os que quiserem me fazer objeções não se apres- sarem, e se eles se esforçarem para entender tudo que escrevi antes de me julgarem por uma parte: pois o todo se sustenta e o fim serve para demonstrar o começo”. (Descartes)

 

O projeto da Antropofágica para a 19ª edição da Lei Municipal de Fomento ao Teatro para a Cidade de São Paulo é um projeto de continuidade que faz parte de uma trilogia sobre a liberdade no Brasil, tendo como base os três períodos (do ponto de vista didático) da história do país: o período colonial, o Brasil Império e a República. Nos dois projetos passados, contemplados pelas 13a e 16a edições do Fomento, nossa pesquisa se ateve ao período colonial e imperial respectivamen- te, que, dentre muitas atividades, originou as peças “Terror e Miséria no Novo Mundo parte 1: Estação Pa- raíso”, “Entre a Coroa e o Vampiro: Terror e Miséria no Novo Mundo parte 2: o Império” e as intervenções na cidade com a Karroça. No presente projeto teremos como tema a República.

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Os projetos de pesquisa da Antropofágica são divididos em duas linhas principais que norteiam o anda- mento do trabalho: o princípio digestivo e o tema que nos propomos a discutir.

 

Cada um dos itens do “princípio digestivo”, por analogia biológica, funciona como as enzimas diges- tivas, ou seja, são as maneiras como olhamos, trabalhamos e fazemos a digestão do material sobre o qual vamos nos debruçar. Neste princípio digestivo alguns estudos e referências guiam e ajudam nas reações “químicas” necessárias para devorar a República. Neste projeto nos propomos a estudar a República usando os mesmos princípios dos últimos dois projetos: o épico, a carnavalização, o teatro de Tadeusz Kantor e a antropofagia, acrescentando ainda neste novo projeto o Teatro de Revista.

 

Além das enzimas que auxiliam na digestão, temos o material bruto, o tema da pesquisa: o Brasil Repúbli- ca. Este material vem de fontes diversas como livros, pesquisa iconográfica, debates com pesquisadores- -colaboradores, ciclos de estudos sobre o período com participação do público, entrevistas etc.

 

Esta pesquisa - tanto do tema quanto do princípio digestivo - é predominantemente colaborativa, tanto no que se refere à criação artística quanto nas ações que envolvem a participação do público. Assim, construiremos a terceira peça da trilogia, com dramaturgia própria como fizemos nos projetos anteriores.

 

Neste projeto também daremos continuidade às intervenções urbanas baseadas na nossa pesquisa das máquinas. No projeto anterior construímos nossa primeira máquina, baseada na estrutura de uma carroça, tendo como referência o trabalho de Tadeusz Kantor e as carroças dos tropeiros no Império. Neste projeto, além da carroça, também construiremos um “coro deslizante” de máquinas a partir da estrutura de bicicletas, carrinhos de supermercado, skates, patinetes etc.

 

A outra parte importante do projeto é a manutenção do que chamamos de “metabolismo antropofágico”, que, em resumo, é o conjunto das relações de vivência e trabalho estabelecido pelos vários núcleos (cénico, musical, de formação etc.). Chamamos de metabolismo para dar conta da complexidade e espe- cificidade desta nossa estrutura, que é típica do teatro de grupo.

 

A Antropofágica é composta de núcleos que pen- sam juntos o projeto e interagem na sua realização: o núcleo ATP, com atores que trabalham em funções artísticas e administrativas; o núcleo de música, pensando a música nas peças e intervenções e em sua colaboração para a pesquisa teatral; o núcleo de for- mação de atores, que atua nas oficinas do ator antropofágico e no PY.

 

O PY é um núcleo de formação de atores de cará- ter contínuo e orgânico dentro da Antropofágica, que trabalha na produção, criação e apreciação artística, fazendo interlocução com os demais núcleos, trabalhando em projetos artístico-pedagógicos próprios e nos projetos do núcleo ATP.

 

Para além do processo metabólico de seus núcle- os orgânicos, a Antropofágica também realiza ações em simbiose com outros grupos da cidade agindo ativamente em conjunto para proveito mútuo.

 

O Espaço Pyndorama a sede que todos esses núcleos ocupam e, através de assembléias, deliberam sobre sua utilização e seus rumos. Nele, propomos também um projeto de residência para outros grupos artísticos da cidade, como modo de utilizar o espaço para ensaio, apresentações e compartilhamento de pesquisa.

 

Em 2012 a Antropofágica completará 10 anos. Aproveitando este marco, o grupo realizará uma mostra com peças, CD e uma publicação registrando o repertório do grupo.

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