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ALMANAQUY

Projeto contemplado pela 25ª Edicção do Programa Municipal de Fomento ao Teatro para Cidade de São Paulo.

 

Digressões Acerca de uma Tentativa de Apresentação

A Antropofágica, nesses 12 anos de trabalho contínuo, tem conseguido definir campos de interesse comuns ao coletivo, um dos motivos que nos permite manter um trabalho conjunto.

 

Dentre esses pontos, um deles está ligado à opção por pesquisar procedimentos, gêneros, autores e textos ligados a uma tradição que envolve as formas híbridas de variedades e heterogeneidades.

 

Por conta disso, estamos propondo o desenvolvimento do Teatro Almanaque como uma espécie de máquina processual, uma máquina de memória dos experimentos do grupo, que pretende reunir em formato mosaico temas, grupos, experimentações e criações. Usamos aqui a designação ‘mosaico’ por entendermos que o almanaque preserva as partes distintas, diferentemente da operação antropofágica que, resumidamente, reúne as partes agrupando-as e formando uma outra de natureza distinta, muitas vezes tornando impossível o reconhecimento das partes que a constituíram.

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Portanto, a forma almanaque ocupa uma parte do procedimento que visa a nossa suíte antropofágica. Uma parte que sempre existiu dentro da sala de ensaio, mas que agora poderá ser compartilhada mensalmente com outros grupos e o público em geral.

 

Conjuntamente ao almanaque, propomos a criação de dois experimentos cênicos ligados a dois universos temáticos. Para essa tarefa, os integrantes da Antropofágica trabalharão em duas frentes, uma pesquisando o universo temático que chamamos de Terror, compreendendo suas conexões e variações possíveis. A outra frente mergulhará no universo temático ligado a figuras (a princípio oriundas da literatura) que compreendem os malandros, vagabundos, trickisters etc.

 

O trabalho de pesquisa será acompanhado por um dramaturgo convidado que, a partir do que é produzido na sala de ensaio, escreverá dois textos que serão apresentados ao público.

 

Durante a criação desses experimentos, o almanaque será um ponto de encontro e compartilhamento da pesquisa, com o público em geral.

 

Para que essas ações sejam realizadas, também contaremos com dois ciclos de debates/palestras envolvendo pesquisadores e artistas ligados a cada um destes universos temáticos. Convidamos três artistas que farão treinamentos propostos ao grupo. São eles: Paulo Biscaia e Rodrigo Aragão, cujo trabalho se centrará na sua experiência com a produção de obras de terror; e Pedro Pires, que lidará com aspectos da linguagem de bufonaria e do grotesco. Esses treinamentos serão feitos pelos integrantes das duas frentes de pesquisa. A ideia de divisão da pesquisa não pretende apartar, mas sim gerar interferências e interações. Por esse motivo, mensalmente essas duas frentes integrarão o almanaque apresentando rastros, memórias, cenas, músicas etc.

 

O jogo de encontros e separação, no que tange as pesquisas bem como no que toca os almanaques e a criação de dois experimentos cênicos, fomentará a criação de uma peça onde todos os integrantes conjuntamente partirão para a criação de um novo espetáculo (que terá como base os dois universos temáticos e seus desdobramentos), o que estamos chamando de procedimento rapsódico-suíte-antropofágico. O que nos interessa é que essa forma de procedimento proposta neste projeto não tenha uma relação puramente teleológica com a concepção de produto-espetáculo. Por isso, os dois experimentos e os almanaques acontecem mantendo a importância singular de sua própria existência, ao mesmo tempo em que colaborarão para a criação de um novo espetáculo. A ideia é criar um espetáculo que não sacrifique todas as etapas em nome de sua finalização. Ou seja, descolonizar o processo da lógica do espetáculo sem abrir mão (no caso da Antropofágica) de continuar criando peças em sentido mais tradicional.

 

Outro aspecto importante do projeto são as Máquinas e Intervenção Urbana que acontecerão nas ruas da cidade. Nossa tarefa é potencializar e avançar na pesquisa que a Antropofágica vem desenvolvendo. Essas máquinas hoje consistem em quatro tipos, agrupadas em um catálogo. São elas a Karroça, o Fiteiro, o Teatro Passeio e as Máquinas de Leitura. Neste projeto propomos realizar atividades com todas as máquinas. As Máquinas de Intervenção Urbana fazem parte da proposta da Antropofágica de utilizar diversos espaços para sua criação, o que nos permite desenvolver a pesquisa tanto em espaços fechados como nas ruas.

 

No que diz respeito à forma como nos organizamos para realizar o que propomos, temos o que chamamos de metabolismo antropofágico, que, em resumo, é o conjunto das relações de vivência e trabalho estabelecido pelos vários núcleos (ATP, PY, Música). Chamamos de metabolismo por ser uma representação que se aproxima da especificidades de nossa estrutura.

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